06/01/2009

A TV e a Sexualidade Humana

A sexualidade humana não é tão simples como se imagina. O ser humano não é simplesmente disposto a ser hetero, gay ou bissexual. O que o autor da novela global “A Favorita” está mostrando com seus dois personagens gays nada mais é do que a expressão maior dos desejos sexuais e afetivos de cada sujeito.

O fato de um rapaz gay, que pressionado pela família teve que arrumar um casamento com uma ex-garota de programa e que agora descobre uma atração afetiva que acaba levando ele a manter relações sexuais satisfatórias e prazerosas com sua “esposa” pode levantar a insatisfação de diversos segmentos do meio LGBT, o que para muitos pode parecer uma “escorregada” de um homossexual carente eu penso que o personagem mostra que o sujeito é produto do meio em que vive e seus desejos sexuais também podem refletir esse meio, não quero dizer que o sujeito que apresentam desejos homoeroticos podem ou devem se interessar sexual por sujeitos do sexo oposto, mas o fato do individuo que durante toda sua vida apresentou desejos por outros do mesmo sexo pode, sem que isso interfira no seu desejo sexual, se interessar por indivíduos do sexo oposto.

Tentado explicar melhor, observamos outra personagem que apresenta desejos homoeroticos, a lésbica Stela, que começa uma amizade verdadeira com outra personagem, Catarina, que é uma mulher carente, mal tratada pelo marido e que ao descobrir que sua amiga tem desejos por pessoas do mesmo sexo não repudia, pelo contrário, passa a ser mais companheira da amiga. Catarina é uma, podemos dizer, exemplo de mulher heterossexual, casada, com filhos, mas passa a ver uma nova possibilidade de relacionamento com sua patroa lésbica. O caso contrário do caso de Orlandinho e Maria do Céu, onde o casamento era para ser apenas de fachada, mas o relacionamento dos dois começou a apresentar sinais de desejos sexuais por parte do rapaz, que é assumidamente gay. Seria o caso da cura de um homossexual? Creio que não, peço contrário o autor mostra conhecimento e apresenta toda complexidade que é a sexualidade humana. Em uma cena onde Orlandinho tem uma crise de ciúmes que acaba numa surra em dois outros rapazes que sem nenhuma cerimônia paqueram sua “esposa” também diz que não quer falar sobre Haley, outro personagem por quem ele era apaixonado e que é o verdadeiro pai do filho que sua “esposa” espera.

A mudança do comportamento de Orlandinho apenas mostra que os desejos sexuais nada tem a ver com os esteriotipos e com afeminação, que ele tem um comportamento másculo e que se sente atraído por homens, como se sente também atraído por mulheres.

O fato de um gay ter relações heterossexuais e de uma heterossexual passar a ser cogitada como uma futura parceira homossexual mostra que a sexualidade humana é tão fluída como sua própria identidade. As propostas de enquadramento em grupos é uma criação humana e não natural, a diversidade e as adaptações, sim são naturais, observando a natureza não vemos a constância como natural, os animais evoluem, as plantas se adaptam e por que o ser humano tem que ser fixo e imutável em sua natureza?

A diversidade de cores, de idéias, de personalidade mostra que o ser humano é naturalmente fluído e complexo, que existem diversas possibilidades para se obter prazer. Os desejos sexuais podem mudar e isso não quer dizer que o fato de ser gay ou ser hetero seja anormal ou normal, creio que o normal é cada sujeito ter desejos saudáveis e apresentar um apetite de felicidade em sua vida de forma completa e isso inclui as áreas sexuais, seja homem com homem, homem com mulher, mulher com mulher, homem com mulher e com homem também, enfim não podemos aceitar a fixidez como uma normalidade, temos que ver sim a fluidez, as mudanças, as experiências como algo natural. Quantos homens casados se aventuram em experiências homoeroticas escondido e acabam gostando, mas também não deixando de ter desejos pela sua esposa, ou a esposa que experimenta com uma amiga e acaba obtendo prazer tanto com seu parceiro como sua amiga? Como também existem pessoas que não sentem prazer algum mantendo relações homoeroticas, para pessoas heterossexuais, ou gays que não tem nenhum prazer em relações heterossexuais.

Viva a diversidade! Viva o direito de cada um ser o que quiser! Diga não ao preconceito, seja ele qual for!

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